Este blog teve acesso exclusivo às gravações secretas do Ministério Público no caso do ex-vereador de Londrina que teria recebido propina de um empresário do ramo etílico-dançante.
Depoimento do vereador:
“Bem... eu passava em frente ao escritório do Alex Guima...” (os nomes são fictícios, para que a intimidade dos envolvidos seja preservada). “Lembrei-me de que o meu avô vendeu, em 1942, um Oldsmobile para o avô dele e ficou faltando o último pagamento. Fiz um rápido cálculo de atualização e resolvi cobrá-lo. Ele não quis pagar a dívida da família, mas eu aproveitei que estava ali e perguntei se ele não gostaria de, pelo menos, comprar o meu Rolex. Alex pagou em dinheiro.... R$ 10.000,00. Na saída, cumprimentei a gostosa da secretária dele e dei R$ 100,00 para um mendigo que passava na rua. Vereador é assim mesmo, mão aberta. Não vejo nada de irregular nisso. Sou inocente”
Depoimento do empresário:
“O Henry Larros (nome fictício) pediu dinheiro para alterar a lei que me prejudicava. Eu perguntei: e quanto custa uma lei nova? Ele me falou que havia uma promoção de vereadores: tipo paga 10, leva 12, sabe como é? E eu ainda ganharia um quebra-molas na minha rua e o nome da minha tia Neide numa praça do Conjunto Semiramis. Ele pediu R$50.000,00, eu ofereci R$ 10.000,00. Ele reclamou, mas eu lembrei da porcaria do Oldsmobile com motor fundido que o avô dele vendeu ao meu avô. Ele concordou. Veio pegar o dinheiro no meu escritório. Usava um Rolex falsificado. Na saída, deu R$ 100,00 pra gostosa da minha secretária e chutou a bunda de um mendigo. Disse que vereador era assim mesmo. O promotor me procurou e disse que eu teria cometido um crime mas, se eu entregasse o vereador, seria como se eu não tivesse cometido crime algum. Eu achei legal. Não vejo nada de irregular nisso. Não sou mais culpado, agora sou vítima.”
Depoimento do Ministério Público:
“O suposto vereador supostamente entrou no suposto escritório do suposto empresário. Seis meses de escuta no suposto celular do suposto vereador nos davam a certeza de que haveria, ali e naquele momento, um suposto pagamento de suposta propina. Também conseguimos umas dicas fantásticas de três supostas loiras e uma suposta japa, mas isso é uma outra investigação. Quando ele saiu com o suposto dinheiro, nós o apanhamos. Oferecemos delação premiada ao empresário. O vereador pediu delação premiada também, nós demos. Como eu sempre carrego uma delações premiadas na pasta, pra casos imprevistos, dei uma delação premiada para um mendigo que foi chutado pelo vereador e uma delaçãozinha premiada para a suposta secretária do empresário. Supostamente gostosa. Não vejo nada de irregular nisso. Estamos investigando também a origem de um Rolex falsificado e já providenciamos a busca e apreensão de um Oldsmobile com o número do chassi remarcado.”
Depoimento do mendigo Zé (esse é o nome dele mesmo):
“Vi o vereador entrar no escritório do empresário. Decidi esperar na porta, pra ver se sobrava algum dinheirinho. Quando eu perguntei a ele quando é que ele me pagaria o Oldsmobile que o avô dele roubou do meu avô, sobrou foi um chute na minha bunda. Os homens chegaram e foi uma bagunça geral. Pedi uns trocados pra um promotor e ele me deu uma delação premiada. O Senhor sabe se isso vale alguma coisa? Se eu sou culpado ou inocente? Eu sou mendigo. Ah, me lembro também que a secretária era muito gostosa.”
Depoimento do Rolex:
“Sabes, hermano? Jo dijo para el vereador: Cabrón! No me metas en esto barraco. No tíengo nada con el quitandero. Voy acabar en la policia, y soy estranjero, no puedo me meter en confusiones. Pero, tu sabes, señor, vereadores son así mismo. Soy inocente, por supuesto. La secretária és muy hermosa. Si, gostosa.”
Depoimento do Oldsmobile:
“I´m innocent. I didn´t want to come to Brazil, I was very unlucky at that time. But it was 1942, a long time ago. Let me rest in peace. I´m innocent and I´m too old to go to jail. Oh, yes, sir... the lady is hot.”
Depoimento da secretária gostosa:
“Eu não entendi o que aconteceu. E pára de olhar pras minhas pernas, safado!.”
